Minhas Folhas de Relva

percepções do cotidiano em letras livres

Ponto de partida 23/09/2009

Filed under: Divã,Frases que viram posts — Aline Moraes @ 5:38 AM
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“Que maravilha se as pessoas, todas as noites, antes de dormir, recapitulassem mentalmente os acontecimentos do dia que passou e considerassem o que haviam feito de bom e de mau. Então, mesmo sem perceber, tentariam aperfeiçoar-se, ao começar um novo dia. (…) Quem não sabe precisa aprender a descobrir, pela experiência, que uma consciência em paz torna as pessoas fortes”.

Quem me disse isso foi uma menina de apenas 15 anos, chamada Anne Frank. Só fui descobri-la aos 22 e me vi passando pelos mesmos questionamentos e crises que ela.

Queria ter lido seu diário com a mesma idade que Anne. É estranho, até um pouco embaraçoso você compartilhar um mesmo momento da vida, mas com sete anos de diferença.

Ok. Anne não era uma menina qualquer. Simplesmente porque, dos 13 aos 15 anos, ela viveu escondida dos nazistas. Enquanto Anne fazia suas necessidades num latão compartilhado com o resto dos moradores do Anexo Secreto e mal podia ver a luz do dia, eu com a mesma idade ia ao shopping, viajava para a praia, estudava para tirar dez, paquerava, brincava com as colegas. Nem me dava conta da beleza do mundo – beleza essa que ela via entre as frestas da janela do cárcere e que tanto a enchia de esperança. E eu nem me dava conta…

Foi nesse tipo de comparação que eu pensei muitas vezes enquanto lia “O Diário de Anne Frank”. Isso me lembra uma característica muito peculiar minha: a autocobrança, exagerada. Quero tudo, ao mesmo tempo, em dobro de preferência. Não me permito ser limitada em algumas coisas, de vez em quando. Tudo tem que ser perfeito, mas não é. E aí viver se resume a “frustar-se”. É uma bosta isso.

Então tá. Tá na hora de correr atrás do prejuízo e amadurecer? Certamente, o ato de escrever para Kitty (o nome que Anne deu a seu diário) ajudou-a muito a se comunicar consigo mesma e se encontrar de alguma forma em meio àquela bagunça de vida. Isso – e o trecho do livro que transcrevi no começo dessa página – me lembrou o que há muito eu queria ter: um blog. Para fazer as tais reflexões antes de dormir, ver se acordo uma Aline melhor, mais transparente no outro dia.

Por isso, hoje resolvi começar. Esse não será um blog de pretensões jornalísticas, muito menos literárias. Será tudo o que eu quiser, ao mesmo tempo. Uma frase, um pensamento, uma notícia, um desabafo, um relato, uma bela foto, um conto, um xingo, um choro, um sorriso, ou só um oi-e-tchau.  Não terá restrições nem determinações. Tá, eu sei… Se algum professor de Jornalismo Online se deparasse com esse meu conceito, ele já sentenciaria a morte do blog antes mesmo de nascer. Blog bom tem tema, tem periodicidade… Mas, sinceramente, não é de algo tão sério que eu preciso nesse momento.

Minhas Folhas de Relva vai ser um espaço livre para refletir sobre o cotidiano. Livre como o livro de Walt Whitman que me inspirou na hora de batizar esse blog – e que me inspira, como pessoa, há tempos. Vamos ver se vinga.

 

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