Tenho pensado bastante no sentido dos meus planos de morar fora por um tempo. Estudar? Aprender línguas? Trabalhar? Viajar? Qual o meu objetivo, porque essa possibilidade me fascina tanto??? Por que eu não consigo ser nômade aqui onde eu vivo? Por que meu autoconhecimento não encontra espaço aqui?
Existe a ruptura mais drástica, que é um facilitador para mudanças, sem dúvida. E existe o fascínio por ser, novamente, observador do mundo. Aquele que olha de fora, para quem tudo é encantador e novo e passível de descoberta. A impressão que eu tenho é a de que devolve aquela sensação de ser bebê e perceber as coisas do mundo pela primeira vez.
Há 22 anos morando em São Paulo, parece que minha capacidade de observação e contemplação diminuiu com a rotina de espaços e tempos. Morar em outro lugar, numa nova cultura deve dar a chance de ver e valorizar aquilo que a rotina turva ou simplesmente encobre. Deixar de lado o olhar viciado. Treinar esse olhar para o novo no cotidiano.
E mais do que um observador do mundo, ser observador de si mesmo. Eu quero me deslumbrar. Com o belo e o feio, com o suave e o chocante. Com o simples, principalmente. Eu quero me deslumbrar com a novidade. Sobretudo, com a novidade em mim.