A emoção de assistir ao Queen

No dia 28 de novembro, um sábado à noite, eu estava ansiosa para ir ao Via Funchal. Nós tínhamos tudo para chegar atrasados e eu não podia perder nenhum segundo daquele show!

Desde os meus, sei lá, sete anos, sou fã do Queen. Conheci a banda quando meu pai comprou um discman (nossa, que velho!) de um amigo dele. Quando fizemos um teste, de repente, começou a tocar uma música muito alto. Levei até um susto rs. Era “It’s a hard life”. Nunca esqueci essa cena… Ficamos eu e meu pai ouvindo, como quem diz “Opa, isso é coisa boa!”. E era mesmo.

O amigo do meu pai esquecera dentro do aparelho o CD Greatest Hits II, mas nem fez questão de tê-lo de volta. Ficou conosco de presente. Eu tenho esse CD até hoje. E ouço até hoje.

Foi na companhia de Freddie Mercury e sua banda (e também de Michael Jackson) que eu comecei a aprender Inglês. Eu cantava todas as músicas, tentava tirar a letra de ouvido, aprendia novas palavras… O Queen me acompanhou pela infância.

Uns dias depois de ter descoberto aquele CD, perguntei ao meu pai:

– “Quando o Queen vem para o Brasil???”
– “Ele não vem mais, filha…”
– “Por que, pai???!!!”
– “O Freddie Mercury morreu e a banda acabou…”

Nossa, como eu chorei….. e coloquei meu pai numa saia justa, para conseguir explicar para uma criança de sete anos que o vocalista de uma das maiores bandas de rock do mundo morreu depois de contrair AIDS, numa época em que os homossexuais eram o grande grupo de risco para o vírus HIV. Foi em 1991 e eu tinha apenas quatro anos e nem sonhava imaginar que existia um cara nascido em Zanzibar, na África, que virou ícone da música em todo o mundo.

Finalmente, no dia 28 de novembro, eu realizei o sonho de ir a um show do Queen. Sabia que não haveria nem Freddie Mercury, nem Brian May (que eu chamava de “briam mai”…..rs), nem Roger Taylor (“tailor”…), nem John Deacon (“deacon”, assim mesmo…) no palco. Mas o grupo God Save The Queen (argentino, diga-se de passagem), que se apresentou no Via Funchal naquele dia, trazia, de alguma forma, a aura das performances do Queen.

O vocalista é incrivelmente parecido fisicamente com o Freddie (exceto pelos dentes…rs). O jeito de cantar, de andar pelo palco e até de sentar ao piano davam a impressão de que algo do Freddie estava ali, nele. Se olhássemos pelo telão, parecia mesmo ser o próprio.

Sei que se visse Freddie Mercury e Brian May em carne e osso, eu choraria….rs… Com certeza! E claro que isso não aconteceu no show em tributo ao Queen. Mas me arrepiei toda quando eles tocaram “Save me”, quando vi quase toda a platéia batendo palmas em sincronia em “Radio Gaga” e ouvi o coro em “Love of My Life” e “Bohemian Rhapsody”. Foi emocionante!

Claro que não tinha o glamour dos show do Queen dos anos 80, que eu só pude ver na fita VHS que ganhei do meu pai ainda pequena. Mas, pela primeira (e talvez última) vez, eu pude cantar, gritar e pular como se estivesse num show do Queen de verdade. Tudo o que eu queria desde os sete anos de idade…

_______God Save(d) The Queen!_________