Sopro de recomeço

Finalmente, decidi colocar meu quarto em ordem. Foi no domingo passado. Nem eu aguentava mais tanta coisa junta, misturada e amontoada. Desde que me mudei com a família para um apartamento em Santana, em outubro de… 2008 (!), não coloquei minhas coisas no lugar. Livros no depósito, CDs encaixotados, fotos embrulhadas para emoldurar depois.

Agora, meu quarto tem cara de lar. Revisitei livros antigos, lembrei dos mais novos que não terminei de ler, organizei tudo por fase da vida: das primeiras séries do Ensino Fundamental, passando pelo vestibular, chegando aos livros avulsos que comprei nas feiras da USP e aos poucos títulos teóricos adquiridos para a faculdade (era adepta das xerox e da biblioteca). Com orgulho, arrumei na prateleira os quase dois quilos de livro escrito por Galileu Galilei, uma jóia de 70 reais que me acompanhou durante o curso de Filosofia da Ciência na USP.

Tirei o pó da escrivaninha. Deixei à mão os livros do TCC, caneta e bloco de notas. Embelezei a caixinha que carrega documentos importantes. Desembrulhei as fotos e marquei na minha memória uma porção de outras que merecem ganhar vida em papel fotográfico.

Ajustei a altura da minha cadeira vermelha, assoprei a poeira da tela do notebook, escancarei a janela e deixei o vento que vem da rua renovar o ar. Um sopro de recomeço tomou conta. Deu vontade de sentar, ler, escrever, renovar o blog, engatar a primeira no TCC e sair em disparada!

“Amanheça, eu quero amanhecer!”, dizia o personagem do conto que eu mais gosto da Lygia Fagundes Telles. Amanheceu pra mim naquele dia. Pena que a segunda-feira acordou ranzinza e chorona. Tudo bem. O legal é saber que basta um pequeno gesto de renovação (vale até uma boa espreguiçada!) para um novo dia amanhecer.