Nesse feriado, fui ao cinema com meus pais. Cinema de shopping, aquela coisa bem Blockbuster mesmo, com direito a filas enormes para comprar pipoca. Não é o tipo de cinema onde eu costumo ir, mas até que é legal ter alguém para ir ao Cinemark pra variar… E fomos lá para assistir a Ilha do Medo – “humm… acho que meu pai vai gostar desse thriller”.
Saí de casa dizendo que o diretor é muito bom, super aclamado, etc etc etc. E, apesar do comentário, percebi que eu não havia me dado conta de que estávamos indo assistir a um filme do Scorsese. Devia ter pensado que não seria um thriller qualquer – e que meu pai talvez não gostasse no fim…
Bom, eu achei genial! Trilha sonora precisa, direção e fotografia impecáveis, enredo muitíssimo bom (baseado no livro “Paciente 67”, de Denis Lehane), um suspense psicológico que, de fato, mexe com a sua cabeça. Uma história sobre culpa, vingança e loucura. Enfim… não vou ficar aqui falando do filme, até porque ele estreou há pouco e eu não quero antecipar nada. Mas é uma ótima experiência cinematográfica.
Eu não sou daqueles que manja todos os nomes de diretores, seus estilos e toda aquela coisa de cinéfilo. Não sou cinéfila. Gosto de cinema, aprecio cinema sem sentir a necessidade de manjar tudo sobre ele (mérito pra quem sente, no meu caso, acho que eu tenho preguiça – ou medo de virar uma aficcionada chata…rs). Mas, quando eu chego em casa depois de ver um filme muito bom, que me intriga, aí é que eu costumo pesquisar sobre ele, sua história, seu diretor. Fiz isso hoje. Li algumas resenhas de críticos falando em como Scorsese combinou com perfeição técnicas, estéticas e tomadas célebres do cinema clássico nesse filme. No fim, percebi que a única grande diferença entre a minha sensação e a percepção pós filme e a desses críticos é que eu não soube nomeá-las de forma precisa, nem catalogar quais foram as influências cinematográficas. Nem era necessário. O importante é viver a experiência cinematográfica. E essa foi muito boa!
Quando as letrinhas subiram, percebi que 80% da sala de cinema ficou decepcionada. Acho que eles passaram pela experiência esperando que ela fosse dar em outra coisa. Foi aí que eu me dei conta de que é um filme do Scorsese. De que não é um tipo que costuma passar em shopping-família. De que eu poderia tê-lo visto no HSBC Belas Artes ou no Espaço Unibanco da Augusta (apesar de não estar passando lá – por que será?). Quando ouvi o murmurinho de reclamações, soltei um “Pô, o pessoal não entendeu??? Isso que dá passar esse tipo de filme no Cinemark…”. Ok, podem me chamar de, sei lá, “preconceituosa”. Mas eu não pude evitar o comentário…
Ah sim, no fim, eu me enganei mesmo. Meu pai não gostou… De qualquer forma, valeu a ida ao cinema em família! Mesmo sem a pipoca, que a fila enorme nos impediu de comprar…
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Ilha do Medo (Shutter Island)
EUA/2010
Direção de Martin Scorsese
Com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo e Michelle Williams
138 minutos