Fogos de artifício em Londres, para o Ano Novo: sim eu estava lá! Pude ouvi-los, senti-los, mas 30% de tudo o que eu vi foram as luzes acima dos prédios e os outros 70% eu vi num telão em Trafalgar Square. Não foi perfeito, eu sei, mas a melhor coisa foi poder encontrar quase todo mundo que eu queria encontrar pra Virada do Ano e me senti feliz cantando “I don’t like luggage… I love it!” and “Copacabana… cafune!” – hits de inverno que eu e o Laurence inventamos e que me fazem ver que musiquinhas sem sentido e ruídos estranhos podem ser internacionais.
Dei mais valor a esse momento singelo (e às pessoas que fizeram parte dele) depois que me vi numa balada, com companhias desanimadas me desanimando, no que era pra ser o maior bota fora, pra dançar até cair. Gastei uma grana no ticket, deixei meus amigos na praça e saí correndo pra pegar o metrô a tempo de chegar no tal club. Pra quê? O melhor da noite não me custou £35 e (o principal) fazia questão de estar ali comigo, mesmo sem ver os fogos 100%. O melhor da noite foi simples…
Seja bem-vindo 2011! Expectativas? Bom, em 2010, a vida tentou me ensinar, dia após dia, como riscar essa palavra do meu vocabulário. E a viver de forma simples e com mente aberta. E a entender que as pessoas são o que mais importa – não necessariamente “onde” você está ou “o quê” está fazendo. Digo isso porque quase tudo o que eu imaginei pro intercâmbio aconteceu de forma diferente, fora do esperado.
Achei que o começo seria só de festa, mas passei o primeiro mês mais introspectiva e reservada do que nunca, refletindo todos os dias com os meus botões. Achei que faria zilhões de amigos e que eu sairia sempre com os meus housemates, mas percebi que fazer amigos não é fácil, porque apesar de toda a novidade, complica quando é necessário lidar com outras culturas e jeitos de sociabilizar. Fora que 99% das pessoas que conheço em Londres têm seu próprio círculo de amigos e eu não acho espaço. Além de que eu tive o azar de ter três dos meus mais amigos em UK morando longe de Londres e muitas vezes, no meu tempo livre, me vejo planejando passeios sozinha ou acabo ficando sem a mínima vontade de sair – no Brasil, eu sempre tive minhas amigas, com quem eu podia contar nem que fosse pra dar uma volta no parque e não fazer nada, apenas conversar, falar besteiras e da vida. Eu não tenho isso aqui.
Mas sei que essa experiência é pra me ensinar a suportar a solidão também, então eu procuro aprender, ainda que doa e não seja nada nada fácil. Na verdade, solidão não é estar sozinha 100%, mas é estar fora da zona de conforto do conhecido, e buscar companhia no desconhecido. Conhecer gente nova. Como pra mim não é uma coisa muito natural, dá trabalho e muitas vezes eu espero a iniciativa do Outro. Mas, quando acontece, me faz ganhar o dia! Eu ainda não estou 100% aberta pro desconhecido, mas a vida tá abrindo meu peito, à força.
Falando em abrir à força, posso falar? Putaqueopariu, como 2010 foi difícil!!!! Nunca vivi tanto drama, tanta crise existencial na minha vida, nunca experimentei tanta mudança drástica. Tô agora pensando se a borboleta sente dor quando se descola do casulo… Porque, se essa é uma metamorfose (e eu sinto que é), tá doendo. A minha pele estava (e o que restou continua) bem colada ao casulo. Enquanto fui rasgando esse invólucro, rasguei junto minha pele e me sinto nua, desprotegida, sem forma. Graças a Deus esse tecido se recupera, e assim eu vou indo… rasgando daqui, regenerando dali – infelizmente, não ao mesmo tempo, e por isso dói tanto. Queria lembrar agora de alguma citação ou letra de música que torne o flagelo mais poético e bonito, mas não me ocorreu nada. O que me “conforta” é que essa não será a única vez na minha vida em que passarei por isso. Aliás, é a primeira, e tava mais do que na hora de eu começar a me preparar. Tem gente que só aprende na marra.
E… cheers!