Ontem à noite, pra passar o tempo, eu assisti pela terceira ou quarta vez o filme À Procura da Felicidade. Dessa vez foi em inglês, The Pursuit of Happiness. A eterna busca pela felicidade. Busca. Não concordo com o verbo “procura” da tradução, não. Quem procura não sabe onde está aquilo que quer encontrar. No caso da felicidade, acho que a gente sabe, de uma forma ou de outra a gente sempre sabe, ainda que a ideia de felicidade vá mudando ao longo da vida. O negócio está na batalha diária pra chegar um pouco mais perto do alvo. E viver deve ser isso, estar sempre nessa busca. Curtir quando se alcança. Depois, ir à caça de novo, por novos ideais de felicidade.
Hoje, quando as pessoas me perguntam como eu estou, digo sem pestanejar que estou feliz. Pela primeira vez em cinco meses aqui, me sinto de fato feliz. Se aconteceu algo de extraordinário? Se eu arranjei um namorado gringo??? rs. A minha resposta eu dou baseada numa música do The Verve: “Happiness, more or less, is just a change in me, something in my liberty”.
Já escrevi sobre isso aqui e não vou me estender muito no assunto sobre as mudanças que ocorreram em mim depois do Ano Novo e de algumas reflexões e conversas com o outro lado do Atlântico. Mas é que o final de semana que passou me fez refletir um pouquinho mais sobre a minha vida, as experiências por que já passei, as pessoas incríveis que conheci e, enfim, sobre felicidade. Só posso dizer que ratifiquei o meu status.
Sexta-feira eu nem fui trabalhar. Acordei tarde, coloquei algumas peças de roupa na mala, preparei um sanduíche de atum e parti rumo a Dulwich, sudeste de Londres. Destino: o midterm camp da ICYE, a organização que me recebeu em UK, junto com outros 30 e tantos voluntários do mundo todo. Depois de cinco meses, havia chegado a hora de reencontrar o povo e fazer uma avaliação do tempo que passou.
Passei momentos maravilhosos com amigos especiais que fiz aqui. Entre eles, a suíça Maria (me love!), o alemão Wanja (viadinho!;), o brasileiro de Minas Cristian (meu Lorde!), o costa-riquenho Isaac (I of insane!) e o ugandense Zockey (“that’s how people die” rs). Além da equipe da ICYE: Alex (she’s got the moves!), Pascale, Jenny, Cat, Dan, Charlote e outros que foram voluntários nesse camp, entre eles Joe, que se vestiu de mulher numa brincadeira e passou a noite inteira tentando tirar o batom haha.
Foi muito bom fazer tudo juntos de novo, a começar pelo café da manhã com Choco Snaps, um cereal baratinho tipo aquele do elefantinho da Kellogs. Lembrei como eu fiquei espantada no primeiro Camp ao ver tudo na mesa com a mesma “marca”. Tesco pra lá, Tesco pra cá. Hoje, na minha geladeira tem um monte de coisas do Tesco, a gaveta está cuspindo sacolinhas plásticas desse supermercado. Sendo assim, no segundo camp já não foi mais novidade. Mas despertou uma sensação gostosa ao relembrar a minha chegada e me fazer perceber como eu já sou um pouco parte daqui.
Durante todo o dia tivemos atividades para refletir e avaliar nosso tempo em UK até agora. A maioria do pessoal achou cansativo, e foi um pouco mesmo, meio monótono, mas só bobo não viu o tesouro que a gente foi desenterrando ali. Depois de escrever sobre experiências que eu tive, pessoas que conheci, coisas que aprendi, habilidades que adquiri, o quanto eu cresci como pessoa, os desafios que eu encontrei, os muitos que eu superei, as expectativas atingidas e frustradas, as surpresas que encontrei pelo caminho… Depois de receber de volta a Application Form que eu preenchi há quase exatos doze meses atrás e a carta que eu escrevi ao final do Camp de partida, em Canela (RS), no Brasil… Depois de um dia inteiro dedicado a discutir e pensar, de forma concreta, no tempo que já se passou, não pude deixar de sorrir.
Eu, que achava que não havia desenvolvido nada daquilo que eu queria desenvolver, me dei conta de que já cheguei longe! Posso não ter tomado o caminho esperado, nem ter feito paradas nos lugares que eu planejara. Mas já deixei muitos, muitos passos firmes no chão. Como foi bom perceber e reconhecer isso!!! Posso resumir todas as pequenas conquistas num mesmo resultado: sou uma pessoa muito mais confiante.
Nesse final de semana, eu me senti à vontade como nunca no meio de 18 países diferentes. Todo mundo com o inglês mais afiado, mais fácil de se comunicar. E eu notei como eu estava sendo eu mesma. Brasileira, falante, sorridente, engraçada, fazendo caras e bocas, dançando muuuito, o tempo todo. E como eu podia ser eu mesma no meio de suíços, alemães, costa-riquenhos, colombianos, ugandenses, ingleses, turcos… Gente boa não tem fronteiras, já dizia eu mesma em outro post. Ainda mais em festa!!! Sábado à noite a gente curtiu muito, com muita pop music (com direito a “Dirty” da Christina Aguilera – ring the alarm, babe!), alguns hits latinos e até funk carioca, tudo isso regado a muita Strongbow (cider) e Carlsberg (lager) – eeeee laiá…! 😀
O horizonte daqui pra frente eu vejo aqui do meu janelão. Amplo… A perder de vista. Mas sem sair da vista implacável do tempo. Quando antes eu dizia “iiih, ainda tenho dez meses pela frente”, agora eu penso “nossa, já se passaram cinco meses, quase metade…”. Começa, aos poucos, a contagem regressiva. E, a me invadir, uma sensação, ainda que leve, do quanto eu sentirei falta dos bons amigos, das ruas estreitas de Londres, do metrô, do Tâmisa, da vista da minha janela. E do status de “intercambista”.
Continuo sem saber exatamente quantas curvas terá o caminho que tomarei nos próximos meses, mas sei quais os passos que quero deixar marcados no chão. Tenho, aí, um mundo de possibilidades à minha frente. Novos projetos na ONG (vou reformular a Newsletter deles e produzir um livrinho informativo sobre o trabalho do nosso time), um inglês escrito a melhorar, mais gente e experiências a descobrir, planos de viagem a concretizar, entre algumas outras coisinhas. Tudo isso está registrado na minha “nova carta a mim mesma”. Essa eu relerei antes de partir de vez. E sei que ficarei satisfeita com as coisas que alcançarei (ainda que fique um pouquinho desapontada com uma ou outra coisinha que possa acabar ficando um pouco de lado) e certamente surpresa com caminhos e paradas inesperados que aparecerão durante a jornada.
Happiness, more or less, is just a change in me, something in my liberty. Happiness, something in my own place. I’m standing naked, smiling and I feel no disgrace with who I am. Happiness, coming and going. I watch you look at me, watch my fever growing and I know just where I am… But how many corners do I have to turn? How many times do I have to learn? All the love I have is in my mind. Well, I’m a lucky man, with fire in my hands.
Já ouviram a música “Felicidade”, cantada pela Zelia Duncan??? Sensacional! Um amigo me enviou por Facebook e compartilho aqui também.
“Não sei por que tô tão feliz
Vai ver que é pra esconder no fundo uma infelicidade
Pensei que fosse por aí
Fiz todas as terapias que tem na cidade
A conclusão veio depressa
E sem nenhuma novidade
O meu problema era felicidade”
Segue o link, com letra e video: http://letras.terra.com.br/zelia-duncan/1537263/.
Beijos!
Alineee!! Que lindo seu post!! Poxa, já cansei de falar como fico feliz por você estar vivendo tantas experiências novas e conhecendo uma porrada de gente do mundo todo!
Mas vou continuar a me repetir: é isso mesmo! Aproveita e usa todo esse tempo para você. Pode já ter clima de contagem regressiva esses meses, mas da mesma forma, vai ser ótimo ter você de volta! =)
Beijo grande!