Já estava na hora de falar sobre isso aqui: o avanço do universo tecnológico. Talvez Londres não seja a Meca dos aficionados por coisas high tech, nem o lugar mais barato pra adquirir um iPad. Mas para uma brasileira pouco afeita a esse tipo de novidade, a forma como a tecnologia está incrustada no dia a dia desse povo me espanta. Talvez já esteja tão incrustada nos paulistanos também, mas… enfim… por enquanto só posso falar daqui. Um dia, sentadinha no metrô, lendo o Evening Standart (o melhor dos jornais gratuitos), li uma matéria que me fez pensar mais sobre o assunto e observar mais atentamente quantas pessoas eu vejo no metrô vidradas nos seus über celulares.
“… então eu quero um ‘Blackberry botox’ – celulares causando rugas” era o título. E a expressão entre aspas não é mera invenção do jornal. O Dr. Jean-Louis Sebagh, que o Evening Standart chama de “especialista em anti-idade”, diz que se trata de um novo fenômeno causado por passar horas espremendo os olhos pra enxergar a telinha do smartphone – seja ele Blackberry ou iPhone. Parece que as rugas relacionadas ao uso desses computadores portáteis são consideradas por médicos (bom, cirurgiões plásticos, ao menos…) o mais recente problema (estético! Não nos atrevamos a incluir a saúde na história. Um oftalmo poderia se manifestar no caso, mas enfim… deixa pra lá) atribuído ao uso excessivo de tecnologia. Medo!
De fato, o povo aqui está o-tempo-todo usando seus smartphones. iPhone todo mundo tem. O 4 já dá que nem banana (bom, no caso da Inglaterra, batata seria melhor, anyway). E como os pacotes de dados não são tão caros quanto no Brasil, todo mundo também tem internet. Então já viu… Eu não tenho, mas confesso que, desde que estou aqui, comecei a escrever sms como nunca antes. Eu pago £15 num pacote que me dá 300 minutos pra qualquer operadora mais mensagens de texto ilimitadas. Nunca no Brasil eu consegui um esquema assim por R$40. É um parquinho de diversões pros meus dedos, brincando sem descanso na tela touchscreen do meu Samsung – que eu, originalmente, trouxe do Brasil, mas foi roubado aqui, então comprei outro igual hehe. Pensei no iPhone, confesso… Mas ainda que mais barato que no Brasil, £400 não é nenhuma bagatela pra uma voluntária que ganha £380 por mês e investiu todas as suas economias de 4 anos de estágio-trabalho no intercâmbio.
Enquanto eu me contento com um touchscreen sem internet, o povo aqui agora começa a fazer compras pelo celular. Não, não se trata de apenas entrar na página da internet do Tesco (uma das três maiores redes de supermercados de UK). Agora eles lançaram um esquema no app pra iPhone em que você pode scanear com o próprio celular o código de barras dos produtos que você deseja comprar. Sua latinha de baked beans tá no fim? Scaneia e já coloca na lista de compras on-line. Gostou da sobremesa pronta que comeu na casa do amigo? É só fazer o “bip” – discretamente… afinal, você é uma lady (ou um lord)! Eu achei isso uma loucura, primeiro pela tecnologia em si. Segundo, por a que ponto os portáteis estão se incrustando na vida das pessoas.
Quero ver daqui a quantos anos (ou meses) eu acabarei comprando um iPhone e fazendo tudo via internet pelo meu celular. E pensar que, em 2005, eu fiquei feliz em trocar meu Siemens azul com antena externa (da gordinha ainda!) por um Siemens vermelho e branco com – vejam só que massa! – tela com fundo luminoso laranja!!! E quando eu ganhei meu primeiro Nokia com tela colorida, noooooossa, foi o máximo! Usei aquele lá até finados de 2008, quando achei melhor trocar por um GSM depois de quase ter meu celular roubado e todos os meus contatos levados com ele. E pensar que isso faz só três anos. É a tecnologia subvertendo as noções de tempo. Mas, tudo bem… se acelerar demais, tem botox, né não?!!!…