Minhas Folhas de Relva

percepções do cotidiano em letras livres

A novela do MTB 04/11/2011

Registro Profissional do Jornalista. Depois de todo o rolo do diploma, me esqueci de que o MTB um dia seria necessário. Voltei de Londres com essa pendência pra resolver, mas fui deixando pra lá… pra lá… arranjei trampo, ninguém quis saber de MTB… e fui deixando mais pra lá. Mas a necessidade bateu à porta e a novela mexicana começou. A história de amor ao contrário entre Maria do Bairro Santana e Antonio Carlos Burocrático.

Quando comecei a pesquisa sobre como tirar o MTB, fiquei desesperada. Vários depoimentos falando mal do serviço; da necessidade de levar um livro pra suportar a fila; de como demora, pelo menos, dois meses pro registro sair; de gente que foi até Piracicaba pra conseguir o MTB na hora… e por aí foi.  A documentação também foi um problema. Quando você pesquisa no Google, aparece uma matéria no site do Sindicato dos Jornalistas de…2005! As melhores informações eu consegui em blogs de outros sofredores como eu. Infelizmente, o site do Sindicato e o do Ministério do Trabalho ou estão defasados ou, simplesmente, tornam complicadíssimo achar qualquer informação na busca.

Depois da minha saga, das pesquisas, dos e-mails trocados com quem já tirou MTB e das caras na porta que eu tomei, acho que minha experiência vai ajudar outros perdidos e coitados, em busca de uma simples etiqueta na carteira de trabalho. Pra saber, clique em “Mais” >>>

Capítulo 1: Os Documentos

* Cópia e original do RG e CPF (se já tiver o número do CPF no RG, não precisa levar o cartãozinho azul);
* Cópia e original do diploma;
* Cópia das duas folhas onde está a foto da Carteira de Trabalho e o documento original;
* Cópia e original de comprovante de residência;
* Número do PIS – e, nesse tópico, eu abro um grande parênteses. Vamos lá. Na outra linha, que é grande. Aliás, merece um capítulo todo.

(Capítulo 2: O número cabalístico do PIS

Ele é solicitado pelo seu primeiro empregador pra que você contribua com o INSS e possa receber o FGTS. Se você não sabe o seu, pode consultar nas agências da Caixa Econômica Federal. É só pedir o extrato do PIS que o número sai lá, mesmo que você nunca tenha recolhido nada. Entretanto, se você, assim como eu, nunca foi registrado na vida, consequentemente não terá esse número do PIS. Óbvio. Mais ou menos…

Cheguei a ler que é necessário ir à Caixa pedir uma declaração de que você não tem o PIS. Assim o fiz. Quero dizer, o cara que me atendeu na Caixa imprimiu apenas um papel tosco com meu nome e data de nascimento. Ele nem entendia por que eu clamava por um número que não existia e menos ainda por que eu precisava de uma declaração disso. Tudo porque li por aí e ouvi de uma funcionária da Gerência Regional do Trabalho e Emprego que o número maldito era impreterivelmente necessário – e olha que eu expliquei que eu não tinha carteira assinada. No final da declaração tosca da Caixa, dizia “trabalhador não encontrado” – aí a prova! Fiquei triste, na verdade, porque eu trabalho desde 2006 – como estagiária, mas era trabalho, poxa….. Enfim, depois de quase 45 minutos na agência, saí com um papel inútil, que não foi solicitado na hora de tirar o registro. Foi bastante natural para a atendente do Ministério do Trabalho o fato de que eu não tinha PIS. E fim de papo.

Fim de papo???! Não… Alguns colegas na mesma situação tiveram que tirar o NIT. Esse número é tipo um PIS, mas para quem quer contribuir com a Previdência Social sendo um profissional autônomo, por exemplo. Sim, o NIT foi solicitado por alguém na mesma posição da moça que me atendeu hoje e não pediu nada. Critérios bastante sólidos, como você pode ver… Por via das dúvidas, eu tirei o meu antes de ir à Superintendência Regional do Trabalho do Estado de São Paulo, lá no Centro. Para ter o seu NIT, basta se cadastrar no site do DataPrev. Se você não estiver com pressa de tirar o MTB, como eu estava, arrisque ir sem NIT nem PIS e veja o que acontece. Digo isso porque não sei quais são as implicações de ter esse cadastro no DataPrev, se é necessário pagar ou se posso, simplesmente, cancelar o número. Vou esclarecer com a minha mãe e depois conto aqui.

Resumindo essa lambança: PIS é pra quem já foi registrado na vida. Se não sabe qual é o seu, procure uma agência da Caixa. Se nunca foi registrado, não se preocupe. Leve o resto da documentação e vá em frente. Se teimarem, arme um barraco!)

Capítulo 3:  O caminho das pedras

Até meados de 2010, todos os jornalistas paulistas tinham que se dirigir à Superintendência Regional do Trabalho, o órgão central do Ministério do Trabalho no Estado de São Paulo. Imagine a loucura de receber o estado todo numa única repartição pública… Até que abriu a Gerência Regional em Piracicaba e quem estava desesperado pelo seu MTB viajava até lá pra consegui-lo no mesmo dia. Meses depois, o Ministério abriu outras gerências no estado. Segundo o site do MTE, também estão habilitadas as unidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Franca, Guarulhos, Presidente Prudente, Santos, São Bernardo do Campo, São Carlos e Sorocaba.

Ah, na capital, a Gerência da Zona Norte também está na lista! E essa eu conferi. Liguei lá na segunda-feira passada e me confirmaram que estão prestando serviço de registro profissional lá – por enquanto, das 10h às 13h. Legal, é pertinho de casa! Fica a uns, sei lá, oito minutos a pé da estação Parada Inglesa do Metrô (linha azul). Foi para lá que eu me dirigi hoje, com todos os meus documentos, as cópias e todas as alternativas caso a história do PIS resolvesse zicar. Qual não foi minha surpresa quando vi um cartazinho: “Registro Profissional. Esse serviço não funcionará de 02/11 a 15/11”. Bacana! Resolveram emendar dois feriados separados por mais de uma semana de distância. Só não chorei depois dessa porque eu havia prometido a mim mesma que a nova Aline não choraria sobre o leite derramado, sobretudo o leite coalhado da burocracia – já sofri muito com ela em Londres, nem convém relembrar meu drama.

Respirei fundo e decidi, às 10h30, que eu iria à Superintendência, lá na Martins Fontes, pertinho do Metrô Anhangabaú. Já estava me preparando para uma fila homérica e pra chegar atrasadééérrima no trampo.  Peguei minha senha no térreo, subi ao primeiro andar e, quando entrei na salinha, só havia um moço se levantando da cadeira. Não acreditei que eu já era a próxima, sem ao menos ter esquentado o banco da salinha de espera! A moça era simpática, conferiu meus documentos e não fez caso com o PIS que não tinha como existir mesmo… Não precisei de declaração nem de NIT. Apenas de bom senso.

Como eu prestei um concurso, levei o edital, constando meu nome entre os que passaram na primeira peneira e a data em que eles solicitam os documentos. Grifei tudo com caneta marca-texto, a moça juntou as folhas com o resto da documentação e colocou num envelope onde se lia “URGENTE”. Meu MTB fica pronto, com certeza, dia 16 de Dezembro, mas, por conta do pedido com urgência, ele pode sair antes, para ficar pronto na data solicitada pelo concurso. Devo aparecer lá pra conferir se deu certo. Mas dia 16 sai, sim sinhô! 😉

E, com esse final feliz, terminou a minha novela, mais dramática que as mexicanas, na verdade, porque foi real.

* * *

Servicinho básico:

Superintendência Regional do Trabalho do Estado de São Paulo

Rua Martins Fontes, 109 – 1º andar – sala 103
Segunda a sexta das 9h as 15h30

Gerência Regional do Trabalho e Emprego na ZONA NORTE

Av. General Ataliba Leonel, 2764 – Parada Inglesa
Segunda a sexta das 10h as 13h
Telefone: (11) 2973-8927 / 2979-6296

* O segundo número até atende. Você pode dar sorte de uma mocinha simpática falar do outro lado da linha, ou o azar de ficar falando sozinha em duas tentativas, até que, na terceira, eles simplesmente deixam o telefone no modo “O número que você ligou está impossibilitado de receber chamadas”…

Para conhecer as outras Gerências Regionais, acesse o site do MTE.

Espero que esse post ajude! 😉

 

4 Responses to “A novela do MTB”

  1. natalia Says:

    Ja passei por esta novela duas vezes: uma para tirar o DRT de atriz e a outra para tirar o MTB, este que te complicou a vida hahahaha Gente, haja criatividade mexicana para tanta burocracia 🙂

  2. Oii aline..muito engraçado a maneira como você abordou o processo para tirar o mtb. Estou passando agora por tudo que você já passou. Nunca fui registrada e estou sofrendo por não ter esse número PIS. Mas, graças ao seus post que me deu alguma luz, amanhã vou lá na caixa tentar essa declaração. Eu até consegui o número do PIS com atendente da caixa,mas não tenho como comprovar porque só tenho ele anotado na minha agenda,pois ,liguei por telefone. Enfim, seu post me ajudou muito rsrs

    • Aline Moraes Says:

      Oi, Mayara! Que bom que você curtiu o post e que ele te ajudou. Essa era a ideia 😉
      Bom, você viu que, se você nunca foi registrada, não precisa levar PIS nenhum na hora de dar entrada no pedido do MTB. Simplesmente porque seu PIS (ainda!) não existe. Então, se você, de fato, nunca, nunquinha na vida, foi registrada, não se preocupe com isso. Agora, se você já foi, é só pedir a declaração na Caixa que o número vai sair. Boa sorte na sua empreitada!

  3. […] local de solicitação, etc., foram os seguintes: este, do blog Novo em Folha (agosto de 2010); este, do blog Minhas Folhas de Reiva (novembro de 2011); e este, da Casa dos Focas (julho de […]


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