Quando ouvi a Janis Joplin cantando seus 25 anos pela primeira vez, pensei em quanta dor e desilusão ela devia estar sentindo ao escrever aquela música, tendo vivido apenas um quarto de vida (bom… no caso dela foi quase a vida toda, na verdade…enfim…). Kozmic Blues é praticamente um réquiem para a quarterlife crisis – ou a crise do um quarto de século vivido. Em 2011, pesquisadores ingleses teorizaram sobre esse “fenômeno” e publicaram um artigo a respeito e, ainda que eu ache que crises não devam ser tratadas como algo extraordinário, faz sentido pensar um pouco mais sobre aqueles que fazem de 25 a 35 anos nesta geração. Acho que nunca essa faixa etária sofreu tanta pressão na vida, por emprego, por amor, por sucesso ($).
Você não se sente um bosta quando esbarra em Mark Zukerbergs e Adeles da vida, que antes dos 25 descobriram e potencializaram seus talentos, já são ricos e construíram um legado relevante para a vida toda??? Logo você, que terminou a faculdade há pouco e ainda está se encaixando na vida adulta, que está um tantão longe de comprar a casa própria e mais longe ainda de fazer algo de bom e marcante com sua vida, que influencie a vida do resto do mundo positivamente e que seja digno de estampar manchetes de jornais… E enquanto, na geração dos nossos pais, casar e ter filhos era uma pressão do modelo “sua vida deve se resumir a isso”, hoje a pressão parece ainda maior, marido e prole como parte de uma vida de sucesso. Sempre ele, o sucesso, que inclui outros “n” fatores. Ser feliz ficou mais difícil no século 21.
Mas, tudo bem…. Enquanto eu tinha 24, pensei muito sobre chegar aos 25 e resolvi tirar de mim o peso dessas demandas da nossa sociedade contemporânea-pós-moderna-hypster-vintage-cibernética. Quero dizer… Convencer-me de que esse peso não me pertence. Quando completei 25 anos, no dia 17 de fevereiro de 2012, fiz questão de ouvir Kozmic Blues a caminho da praia. E me deu uma sensação de alívio quando não me identifiquei com a letra. A pior coisa de chegar a essa idade é, com tão pouco tempo de vida, vê-la de forma pessimista, desacreditada. Esqueçam o niilismo dos astros que morreram antes de chegar aos 30. E esqueçam os heróis prodígio de vinte-e-poucos que nos fazem sentir diminuídos do alto de nosso um quarto de século supostamente mal vivido. Não alimento a ilusão de ser lembrada por grandes feitos, mas nutro a esperança por dias melhores no meio da crise que é viver nesse mundo. Só não quero dizer, nem aos 25 nem nunca, o que a Janis diz sobre o tempo: “I keep moving on and I never found out why”. Caminhar sem propósito é a crise e a morte em qualquer idade.
Aaah…! Outra música que elege os 25 como idade da crise: “Twenty five years and my life is still trying to get up that great big hill of hope for a destination…”.