Devia ser essa a situação. O que mais explicaria aquele homem, de calça e camisa sociais, brincando com um menininho de uns sete anos numa mesa do McDonalds em plena noite de quarta-feira? Ou ele é fanático por lanches ou acabara de buscar o filhinho na escola ou na casa da ex. Aquelas seriam as poucas horas de que dispunha para dar alguma atenção ao pequeno, ávido por brincar de lutinha com os bonecos do McLanche feliz.
Seria melhor em casa? Talvez. Mas para a criança, qual o problema de ser numa mesa com restos de gergelim e guardanapos manchados de gordura da batata frita? Eu podia ver que o filho estava se divertindo. Já o pai…
Só o vi de lado, mais de costas do que de lado, na verdade. Mas bastou. Podia traduzir suas espaldas tensas, o cotovelo apoiado quase na quina da mesa, a cabeça pendendo um olhar terno para o filho, pelo filho. Olhar de quem preferiria não estar ali. Mas havia se acostumado, era o jeito.
Compadeci-me daquele homem. Tanto que os gritinhos imitando golpes de luta não me incomodaram como deveriam. Entendi que aquele era um momento sagrado. Quase me sentei àquela mesa para brincar também. Mostrar que, se até eu, que detesto criança, senti a beleza da cena, era sinal de que ali havia amor de pai de verdade. Mesmo de pais separados.
Incrível mas a realidade está aí. vemos tantas famílias se despedançando, crianças se acostumando com coisas que até para os adultos seria difícil. Mas o mundo gira as coisas acontecem e temos que levantar a cabeça e seguir nosso caminho. como será a vida dessas crianças lá na frente, será foi bom? pois aprendeu a lidar com a vida do jeito mais difícil, muitos se encontram dessa forma!