Eu passo nervoso à beça no transporte público. Passo nervoso todo dia. Sem exceção. Quem dera poder arrumar brigas pra extravasar. Meter aquele soco em cheio numa cabeça de isopor… Já que não posso, resolvi escrever. Uma forma de não me calar diante de tanta falta de respeito, de tanta ignorância sobre viver coletivamente.
Recentemente, li o livro “Fé em Deus e Pé na Tábua – Ou Como e Por que o Trânsito Enlouquece no Brasil”, do antropólogo Roberto da Matta. Ele dá algumas pistas das razões para essa loucura endêmica. Porém, elas não me deram muita esperança. Desde 1808 fomos criados para NÃO viver num espaço público de fato. Nascemos, há mais de quinhentos anos, para disputar esse espaço. E o resultado a gente vê no desrespeito no trânsito e – diria eu -, sobretudo, no transporte público.
Acompanhe, então, meus desabafos semanais. Cada post substituirá um merecido murro na cara de alguém.