Hoje conheci Paulo e ele me mostrou uma coisa na qual eu nunca havia reparado: a calçada do Conjunto Nacional é a única na Avenida Paulista que não tem piso tátil, para deficientes visuais. Paulo me disse que trabalha lá e que a explicação que deram a ele é: o prédio é tombado (é mesmo, desde 2005), então não é possível mudar nada, nem mesmo a calçada (feita naquele estimo português, com mosaico de pedras brancas e pretas). Diferente do que acontece em outros países, onde o prédio é preservado (e conservado), mas é permitido fazer melhorias para garantir a acessibilidade.
Só notei a questão da calçada quando, parada na esquina com a Augusta, na companhia de duas amigas, vi um moço tateando o chão com um jeito de muito perdido, esbarrando nas pessoas que vão e vêm pela Paulista a cada segundo, indo e voltando… Perguntei se ele precisava de ajuda, para onde queria ir. E foi então que ele me contou que fora aquele chão considerado histórico que o deixara sem rumo. Paulo é deficiente visual.
Acompanhei-o até a estação Consolação do Metrô. Foi uma conversa de apenas uns 3 minutos até lá. Mas valeu tanto a pena! Paulo, naquele pouco tempo, me ensinou muita coisa. E foi uma companhia tão agradável. Daqueles encontros do tipo “made my day” e que nos fazem pessoas melhores. E que nos mostram como é importante observar, se importar e se colocar no lugar do outro. Afinal, o Outro tem tanto a oferecer…
Minhas Folhas de Relva 