
Nessa Páscoa, descobri também que os ovos que as pessoas pintam são comestíveis! Descascamos e mandamos ver na volta pra casa 😉
Passei todas as Páscoas da minha vida viajando, com meus pais ou com amigos. Sempre foi um feriado, uma oportunidade de estar com os meus, curtindo. Minha família nunca celebrou o tal significado da Páscoa, morte e renascimento de Jesus. Devo ter feito enfeites com coelhinhos na escola, mas nunca busquei ovos escondidos pela família.
Neste ano, eu queria dar àquele momento o mesmo significado: tempo livre pra viajar e curtir. Mas para o meu marido, a época de Páscoa é também de uma importante festividade espiritual. Resultado: ou eu ia viajar sozinha ou iria acompanhar o Wanja, que viajaria para a cidade onde mora o pai dele, na região da Bavária, onde eles fariam um intenso trabalho espiritual, com meditação.
No começo, fiquei irritada por sentir que minha liberdade de escolher passar a Páscoa como sempre passei havia sido limitada. Podia viajar sozinha, mas também não queria (e a verdade é que viajar na Páscoa sai bem mais caro). Então resolvi ir junto. Regensburg é uma cidade bonita, antiiiga, valeria o passeio também. Fomos.
Não foram cinco dias fáceis. Esses momentos de festividades espirituais sempre me fazem confrontar meus tabus com religião ou com os símbolos que as pessoas procuram para confirmar suas crenças, sejam elas religiosas ou simplesmente espirituais. Eu, por exemplo, não gosto de ver nenhuma imagem de Jesus. Quando eu era pequena, tinha sonhos constantes com a figura Dele como um homem preso dentro de uma luminária. Era muito angustiante. Eu não faço parte de nenhuma religião, cresci vendo como os dogmas podem ceifar parte da vida e dos sonhos das pessoas, e acho que já devo ter sofrido muito sob o cabresto das religiões em vidas passadas. É um tema que, só de pensar, me embrulha o estômago.
Foram cinco dias de silêncio. Putz, que coisa estranha… Pra quem nasceu em São Paulo, passava o feriado viajando e fazendo festa, o silêncio foi torturante. “Putz, é assim que vou ter que passar todas as minhas Páscoas????!”, pensava eu, enquanto via fotos de amigos e familiares no Facebook e ficava remoendo as coisas que, aparentemente, deixei pra trás.
Não foi fácil entender porque esse período do ano é importante, não foi fácil entender o que o trabalho espiritual realmente significa para quem o pratica. Mas eu passei os cinco dias de Páscoa não buscando entender, mas apenas observar e estar presente.
Dias antes de partirmos, Wanja me disse que aqueles dias seriam muito significativos. E a verdade é que foram mesmo. Nesses cinco dias de Páscoa, surgiram possibilidades. Surgiu um apaziguamento depois de semanas de tormenta. Surgiu aceitação. Me vi cercada pela energia positiva e de transformação que foi trabalhada por aqueles que dão a esse momento do ano um sentido espiritual.
Voltei pra casa com uma sensação de renovação mesmo. E depois de ter conversado um pouco mais sobre o que a Páscoa de fato significa, percebi que aqueles cinco dias foram, de fato, o meu Ano Novo. A Primavera, aqui dentro.