Minhas Folhas de Relva

percepções do cotidiano em letras livres

Abraços que curam. E que faltam 20/06/2017

Filed under: Sem categoria — Aline Moraes @ 6:37 PM

Depois de ver o vídeo de um grupo de músicos que cantam e tocam pra uma desconhecida, tiram dela lágrimas e trocam com a moça abraços sinceros no fim, fiquei pensando… acho que é isso! É disso que eu mais sinto falta. Abraços.

Desses que te envolvem num laço de amor, que reafirmam o querer, ou que refrescam a nossa humanidade. Na minha vida no Brasil, não havia dia sem abraço. Os dos colegas queridos de trabalho sempre estavam lá. Chegavam a vir até mesmo de algum entrevistado, por vezes apertadinhos, depois de uma conversa mais profunda. E sempre saíam dos braços da minha família e das minhas amigas.

Vou te falar… lógico que eu morro de saudade da praia – de Trindade, de Ubatuba -, dos churras em Perdões, dos passeios com os pais, das butecagens com a galera do trampo, de zanzar pela efervescência de Sampa, dos cinema-em-casa e idas ao Cafe Uber com a patotinha que assina a aliança que eu levo na mão direita há mais de 10 anos.

Mas, quando eu penso direito, o que realmente fazia a diferença nessas encontros eram… os abraços. Bem dados. Com carinho no ombro. Sempre sinceros na sua troca de calor humano, mesmo naquele jogo rápido de chegada e de partida. Mano, que falta isso faz.

Não é querendo julgar, eu aceito que aqui os costumes são diferentes. Porém, isso não me impede de sentir falta de um abraço. Queria recebê-lo não só do meu marido – que, apesar de bem abrasileirado, tem muito de Alemanha em si, até no jeito de abraçar –, mas também da dona simpática do café aqui do bairro. Ou de quem trabalha diretamente comigo, na hora de dar oi e tchau. Ou do senhorzinho artista que é quase nosso vizinho e é tão interessante…. Queria tanto abraçá-lo ao encontrá-lo na rua. Mas aqui num dá.

Talvez eu devesse agir como agia no Brasil, mas as diferenças são palpáveis. Não dá pra fingir que elas não estão entre os dois corpos, que poderiam se abraçar mais, mas não se abraçam. Porque eu sei que elas estão lá. Sou tudo, menos ingênua. Talvez fosse bom ser um pouco… Abraçaria sem achar que estava fazendo algo “estranho”. Mas, veja, bom mesmo é um abraço de duas vias.

Cheguei a pensar em fazer uma ação daquelas de “abraços grátis”. Já vi isso em São Paulo e sempre achei meio forçado. Porém hoje, se eu visse alguém oferecendo aqui, acho mesmo que eu aceitaria. Mas pra tomar a atitude de fazer, me sobra vergonha. Me falta coragem. E parece que também já me faltam abraços pra dar…

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