Não… não peguei o atalho mineiro até a cidade perdida dos Incas. Isso aí fica pra segunda vez em que eu for ao Peru 😉 O título foi para chamar a atenção mesmo rs. E de abrir uma brecha pra relatar como foi o planejamento para chegar a Machu Picchu – de forma convencional…
A primeira coisa que eu ouvi quando decidi ir para o Peru foi: “você tem que correr para comprar os ingressos pra Machu Picchu!”. Assim como as passagens de avião para Cusco, o trem pra Águas Calientes (o povoado-base para quem vai visitar as ruínas) e o ticket para subir a Huayna Picchu (aquela montanha pontuda que faz parte do cartão-postal), se você tiver disposição. Como faltava um mês para a viagem e eu já tinha ouvido falar numa necessidade de antecedência de TRÊS meses, entrei em desespero. Cheguei até a tirar folga do trabalho para planejar a viagem, fazer as reservas… Munida do medo de não conseguir visitar uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo, acabei aproveitando o tour que o hostel escolhido em Cusco oferece aos hóspedes.
Os US$260 incluem: passeio de um dia pelo Valle Sagrado com guia + almoço no Valle + trem de Ollantaytambo para Águas Calientes + pernoite em Águas Calientes + ônibus para chegar a Machu Picchu + ingresso para Machu Picchu com guia + todo o trajeto de volta a Cusco. O ticket para Huayna Picchu custa US$10 a mais. (Para fazer o tour no Valle Sagrado, você ainda terá que comprar o chamado Boleto Turístico, que dá direito a vários museus e show de danças típicas em Cusco, além das entradas nos sítios arqueológicos do city tour e nas terrazas de Moray. Custa S./130 e compensa, ainda mais se você tiver um dia a mais em Cusco!)
Achei que valia a pena pagar esses dólares, pois cada passagem de trem (pela Peru Rail) custa, pelo menos, US$48. Até aí, já seriam quase US$100. Fora toooodo o resto. Fora a economia de dor de cabeça e a garantia de fazer o passeio quando se compra o pacote fechado, e com antecedência. Para quem estava com a responsabilidade de organizar a viagem não só para mim, mas também para duas outras pessoas (minha Mamis e minha prima Carla), foi a solução perfeita! Antes de fechar, consultei uma amiga que havia ido para lá por conta e ela disse que valia a pena. Então bati o martelo e tirei um grande peso das minhas costas hehe. Em Cusco, existem vááárias agências de turismo que oferecem o pacote. Talvez saia mais barato… Não cheguei a olhar. Ainda assim, a reserva seria feita em cima da hora. Em baixa temporada pode ser uma boa opção. Já em alta…. No fim, pensei até em fazer as contas detalhadamente para postar aqui no blog quanto sairia de forma independente. Mas achei melhor continuar com a pia certeza de que fiz um ótimo negócio. Deixo os cálculos para os próximos mochileiros 😉
De qualquer forma, fica aqui a minha dica de se hospedar no Che Lagarto Cusco e fazer o passeio com eles. Vou dizer por que (e não estou ganhando nada por isso, viu?! rs): Victor, o manager, é sensacionalmente gente boa; o hostel é limpo, bonito e arrumadinho; tem quartos coletivos e privativos; tem chuveiros com água quente razoáveis (a temperatura e a pressão podem ser instáveis às vezes, e esse problema eu encontrei em quase todo o chuveiro peruano!); o café da manhã (continental, como em todos os hostels: só tem pão, manteiga, geleia, café, leite, chocolate e chá) é servido no terraço com uma bela vista da cidade; colchão, travesseiro, roupa de cama e cobertores são ótimos; o local é seguro e confiável; e apesar de estar localizado numa vielinha, fica super perto da Plaza de Armas. O tour deve ter sido igual a todos os outros disponíveis, mas achei os guias ótimos e, bem… o passeio todo é demais!!!
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Ir a Machu Picchu é sinônimo de viajar com expectativas. Afinal, já vimos aquela imagem zilhões de vezes em livros, na internet e até mesmo na foto de outros amigos e viajantes. Já sabemos de cor como é o lugar. Mas, vou te falar… a sensação de, aos poucos, ver aquele cartão-postal se compor na sua frente é inebriante! A quantidade de turistas e o tempo (2h) para fazer todo o tour tiram um pouco a magia. Você quer ter tempo, tirar fotos em todas as poses possíveis, depois sentar e ficar apenas admirando. A boa notícia é que, se o seu trem de volta para Ollantaytambo ou Cusco sair depois das 18h, você terá tempo de sobra para caminhar, fazer trilhas, tirar fotos e contemplar Machu Picchu como deve ser, antes de ter que se despedir. Foi o que fizemos.
Para além daquela visão consagrada, entrar e desbravar a cidade é um show à parte. Você descobre os significados dos diferentes tipos de arquitetura (setores rurais, sagrados e urbanos), se maravilha com a engenhosidade dos incas para construir algo tão sólido e tão lógico, vai desconstruindo aquelas ruínas de pedra que você viu de cima e reconstrói uma memória daquela Machu Picchu – agora, por dentro. E que não é apenas linda. Também faz sentido. Aquele lugar foi a primeira universidade do mundo! Lá, se estudava engenharia, arquitetura, astronomia (homens e mulheres, pasmem!). Lá se formavam grandes cabeças incas. Tinha que ser mesmo uma das novas sete maravilhas do mundo! Os caras – e, sobretudo, Pachacutec, o líder inca mais famoso e conhecido como o grande expansionista – eram “fueda”!!!
Dizem que Machu Picchu tem uma energia especial. Dizem que vem das rochas cristalinas. Dizem que vem de outro lugar. Dizem que é necessário estar aberto e limpo para senti-la. Sobre tudo isso, só posso dizer “sei lá. pode ser. vai saber”. Mas eu saí de lá diferente. Senão pela energia, ao menos pelo tanto de conhecimento e de beleza que eu absorvi naquele dia. Um dia que é para sempre!