Eu sempre achei que ser humilde é creditar a si mesmo menos do que os outros creditam. É não vangloriar-se. É baixar a cabeça e desviar os olhos diante de um elogio. É não se afirmar. Achava-me humilde, portanto. Afinal, nunca fiz estardalhaço com todos os meus “dez” na escola e nunca sorri em triunfo quando diziam que eu era a melhor aluna da sala, do colegial todo…. Lembro-me, porém, de um dia quando minha mãe, excepcionalmente, foi a uma reunião de pais. Minha professora de Desenho Geométrico, a Regina, falou o quão boa aluna eu era e tals… e, por fim, disse à Dona Sueli que ela só devia se preocupar com uma coisa comigo: eu deveria aprender a ser mais humilde. Ué…
Fui entender melhor o significado da palavra humildade tempos depois, quando uma psicóloga explicou. Ser humilde não é baixar a cabeça para parecer ser menos do que é. Certamente não é empinar o nariz. Humildade e verdade andam juntas. Ser humilde é colocar-se de igual para igual, em qualquer situação. Nem vítima nem herói. Você mesmo. É reconhecer-se. Reconhecer o outro. Reconhecer que as diferenças se equilibram de alguma forma e que até errar faz parte. Acho que era disso que minha professora falava anos atrás… Que até por trás da modéstia pode se esconder um medo de errar que desequilibra a balança e nos impede de reconhecer. Você. O outro. Os erros.
Decidi escrever sobre o assunto porque tenho sentido na pele como a falta de humildade impede o diálogo honesto, impede a prática da sinceridade. Primeiro pela arrogância, depois pela falsa modéstia. E sempre por não saber reconhecer o que está errado, emperrado, difícil de resolver. Humildade, humildade, humildade, por favor!
“É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro… Evita o aperto de mão de um possível aliado. Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo, sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo…”, já diria Raul Seixas, na canção Por Quem Os Sinos Dobram, uma de minhas favoritas. A quem falta humildade, essa letra faz muito sentido. Pense nisso! Nenhum sucesso vem enquanto você precisar convencer as paredes e o travesseiro todos os dias para dormir o sono tranquilo dos enganados.
“Nunca se vence uma guerra lutando sozinho. Você sabe que a gente precisa entrar em contato com toda essa força contida que vive guardada. O eco de suas palavras não repercute em nada. Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz. Coragem, coragem, eu sei que você pode mais!”
Alô-ô!!!
“Honesty of mind, sincerity of spirit and detachment”, Benjamin Creme