Eu já tinha ouvido falar desse filme, Precious, estrelado por uma atriz novata, de 26 anos, que logo de cara recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz por viver nas telas uma adolescente negra, gorda, pobre, analfabeta, violentada pelo pai, abusada pela mãe. Queria assistir ao filme para ver “quem é essa menina???”.
Me surpreendi. Não só pela atuação de Gaborey Sidibe, que conseguiu incorporar a personagem (quase-verídica*) do livro Push (Record), escrito pela norte-americana Sapphire. Acho que gostei até mais da interpretação de Mo’Nique, que faz a mãe de Precious – e está indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, com todo o louvor.
Me surpreendi mesmo com a minha reação. Fiquei paralisada. Quando o filme terminou, eu quase não piscava enquanto os créditos iam passando ao som de uma música que eu não conhecia, mas gostei muito. Precious me tocou de um jeito estranho. Durante o filme, chorei só uma vez, quando vi Precious falar (gritar) – e, pela primeira vez, sem medo do que ia dizer ou como – sobre sua vida sofrida e sobre como o “amor” não havia feito nada por ela. Eu só consegui chorar mesmo quando entrei na estação Vila Madalena do Metrô, em direção à minha casa.
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