Minhas Folhas de Relva

percepções do cotidiano em letras livres

O necessário fardo de ser x a insustentável leveza 15/02/2013

Filed under: Comportamento,Cotidiano,Divã — Aline Moraes @ 10:47 PM
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Domingo eu completo 26 anos de vida. Os últimos dois valeram por vários. Anos de descoberta, de libertação (mas também de novas amarras), de experimentação, de sofrimento, de júbilo. Deixar-se descobrir, aceitar suas excentricidades e deixar que os outros te descubram, te aceitem… Taí uma tarefa difícil… Afinal, “permitir-se” carrega, ao mesmo tempo, o fardo dos julgamentos, dos estereótipos e dos excessos. Peso ou leveza, qual desses dois opostos é melhor? Acabei de começar a ler Kundera pela segunda vez e é esse um dos primeiros questionamentos que ele faz no livro:

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“O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.

Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão leves quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?”

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Esse é o meu dilema pré-Balzaquiano. Aqueles que escolhem o pesado sentem a pressão de serem leves. De flutuarem incólumes pela sociedade. De não se exporem. De não mostrarem sua face feia ou esquisita ou excêntrica. Uma pluma que nunca pousa sobre superfície alguma. E por escolherem o outro lado, acabam incompreendidos – ou mal interpretados. Eu sou dessas que não flutua. E vivo em conflito entre esses dois pólos contraditórios de Kundera. Mas aí ouço Macy Gray dizendo que “você tem que expressar o que é tabu em você, e compartilhar suas esquisitices com o resto do mundo. Porque é uma coisa linda!”. E, concordando, eu canto junto, satisfeita por fazer minhas próprias revoluções internas…
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Segue a letra:

Everybody shake it! Time to be free amongst yourselves. Your mama told you to be discreet and keep your freak to yourself. But your mama lied to you all this time. She knows as well as you and I you’ve got to express what is taboo in you, and share your freak with the rest of us. ‘Cause it’s a beautiful thing!

Everybody break it! Every rule, every constriction. My papa told me to be home by now, but my party has just begun. Maybe he’ll understand that I got to be the freak that God made me. So many things that I want to try. Got to do them before I die.

 

Nina Simone fala sobre liberdade 20/03/2012

Filed under: Comportamento,Cotidiano,Cultura — Aline Moraes @ 11:14 PM
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Vi esse vídeo na página do Facebook de um amigo. O repórter perguntou a Nina Simone o que significa ser livre para ela, que canta uma música intitulada “I Wish I Knew How It Feels To Be Free”. Meu amigo comentou que, só de cantar essa bela canção, Nina já é livre. Depois de ouvir a curta entrevista, só posso concordar com ele.

“Freedom is just a feeling. How do you tell anybody who have not been in love how it feels to be in love? You cannot do it. You can describe things, but you can’t tell them. But you KNOW when it happens. That’s what I mean by free. And I tell you what freedom is to me: no fear! If I could have that half of my life… no fear! That’s the only way I can describe it.” Nina Simone

Para esse momento da minha vida, que passará a trilhar por novos caminhos, e para tod@s que se deparam com os desafios diários da vida, desejo o que defende Nina: para ser livre, não ter medo!

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Capitães do próprio mundo 22/03/2010

Ser capitã desse mundo / Poder rodar sem fronteiras / Viver um ano em segundos / Não achar sonhos besteira

Nunca ouvi essa música da Maria Gadú até o fim porque o primeiro verso me irritava com o tal “Shimbalaiê”. Não curto essas palavras inventadas sem sentido (na verdade, eu gosto de “Avohai” – mas porque eu acho que tem sentido. Pode ser que a dela tenha também e eu não saquei, enfim…). Mas hoje, ao dar aquela fuçada básica em perfis de orkut semi-desconhecidos, me deparei com esta frase, bonita, que piscou pra mim: “Poder rodar sem fronteiras, não achar sonhos besteiras”. Dei um Google ainda mais básico e me surpreendi quando vi que essa frase vinha, exatamente, depois do Shimbalaiê que eu nunca consegui atravessar…

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Diálogo com a consciência 06/12/2009

Filed under: Divã,Textos meus — Aline Moraes @ 2:28 PM
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“Pra quê que a gente nasce?”, ela perguntou, depois que João leu aquele conto que questiona os “talvez” da vida.

“Pra fazer o que é bom pra gente”, retrucou João.

“E o que é bom pra você?”

“Ah… é ter liberdade, estar num mundo em que as pessoas se ajudam…”

“E o que você tem feito para ter o que é bom pra você? O que tem feito para ser livre? O que tem feito para viver em uma sociedade em que todos se ajudam?”

(pausa)

“Você ajuda?” (pergunta que pesa…)

(outra pausa)

“Você é livre?”, continuou a consciência…