Minhas Folhas de Relva

percepções do cotidiano em letras livres

De partida… 26/07/2010

Filed under: Divã,Frases que viram posts,Intercâmbio — Aline Moraes @ 12:01 AM
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Para os poucos que me leem, ou para mim mesma apenas – que seja -, escrevo este post para marcar uma nova etapa na minha vida de 23 anos. A partir daqui, escreverei direto da Inglaterra, país que será minha morada pelos próximos 12 meses.

Já tentei por diversas vezes escrever como me sinto às vésperas de partir e de, com a partida, realizar um sonho de muitos, muuuitos anos. Achei que escreveria quando recebi a resposta da ONG onde vou trabalhar. Nada. Talvez quando o visto saísse. Saiu e as palavras não… Não consigo. São muitos sentimentos envolvidos e, confesso, pouco vontade de defini-los. Acho que nem dá. A ficha não caiu direito ainda…

Então, achei uma outra forma de me expressar: chupinhando o trecho de um livro. As pessoas abusam de citações, eu sei. E não, eu não quero pagar de inteligente com essa não… Mas essas palavras cabem e, por isso, é com elas que eu fecho esse ciclo da minha vida, pós defesa de TCC, pós cirurgia para corrigir miopia, pós arritmia registrada no eletrocardiograma, pós muito chororô e reflexões e experimentações e pacificações. Parto sem arrependimentos e de peito aberto.

Aos meus querid@s amig@s e familiares, obrigada por me apoiarem e percorrerem comigo o tortuoso caminho até a realização desse sonho. Aconteça o que acontecer do outro lado do Atlântico, esta Aline terá um “A” ainda mais maiúsculo!


* * *

 


“Então, as portas de seu coração abriram-se, e sua alegria voou longe sobre o mar.
E, fechando os olhos, orou no silêncio de sua alma.

Mas ao descer o monte, foi invadido pela tristeza e pensou no seu coração:
Como poderei ir-me em paz e sem pena?

Não, não será sem um ferimento na alma que deixarei esta cidade.

Longos foram os dias de amargura que passei dentro de suas muralhas, e longas as noites de solidão;
e quem pode despedir-se sem tristeza de sua amargura e de sua solidão?
Muitos foram os pedaços de minha alma que espalhei nestas ruas,
e muitos são os filhos de minha ansiedade que caminham, desnudos, entre estas colinas,
e não posso abandoná-los sem me sentir oprimido e entristecido.

Não é uma simples vestimenta que dispo hoje, mas a própria pele que arranco com minhas mãos.
Nem é um mero pensamento que deixo atrás de mim, mas um coração enternecido pela fome e a sede.
Contudo, não posso demorar-me por mais tempo.
O mar que chama a si todas as coisas está me chamando, e devo embarcar.
Pois permanecer aqui, enquanto as horas queimam-se na noite,
seria congelar-me e cristalizar-me num molde.

De bom grado levaria comigo tudo o que está aqui. Mas, como poderei fazê-lo?
A voz não leva consigo a língua e os lábios que lhe deram asas.
É isolada e é também só e sem ninho que a águia voará rumo ao sol.”

(Gibran Khalil no livro O Profeta)

 

Até breve!

 

Partilhando balões 25/07/2010

Filed under: Divã,Intercâmbio,Textos meus — Aline Moraes @ 10:23 PM
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Não consigo conceber pessoas que não sonhem. No que elas pensam quando acordam? O que elas veem quando fecham os olhos? Que horizonte elas desenham? O que sentem pelo dia seguinte?

Claro, não acredito que devamos viver apenas para nossos sonhos, que geralmente são coisas altas, grandiosas (até demais). Afinal, nossa vida é feita também (aliás, principalmente) dos pequenos e discretos acontecimentos do cotidiano, no bom e velho “um dia de cada vez”. Viver só de sonhos e apenas para os sonhos seria passar o tempo todo em degraus… Mas perseguir (com a devida certeza) o sonho fortalece-nos, faz-nos crescer, aprender, questionar-se, olhar-se, entender-se um pouco melhor.

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Fim da estrada batida 08/04/2010

Filed under: Divã,Textos meus — Aline Moraes @ 1:10 AM
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Passo dado
na trilha livre de pegadas
que se apegaram.


O rumo é o da encruzilhada,
rumo à cruzada de cada um.


Da minha, espero sair ferida,
para acariciar a cicatriz.


E abrir um sorriso
ao levantar a poeira
dos meus sonhos.

 

Capitães do próprio mundo 22/03/2010

Ser capitã desse mundo / Poder rodar sem fronteiras / Viver um ano em segundos / Não achar sonhos besteira

Nunca ouvi essa música da Maria Gadú até o fim porque o primeiro verso me irritava com o tal “Shimbalaiê”. Não curto essas palavras inventadas sem sentido (na verdade, eu gosto de “Avohai” – mas porque eu acho que tem sentido. Pode ser que a dela tenha também e eu não saquei, enfim…). Mas hoje, ao dar aquela fuçada básica em perfis de orkut semi-desconhecidos, me deparei com esta frase, bonita, que piscou pra mim: “Poder rodar sem fronteiras, não achar sonhos besteiras”. Dei um Google ainda mais básico e me surpreendi quando vi que essa frase vinha, exatamente, depois do Shimbalaiê que eu nunca consegui atravessar…

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